Amizade que mais parece uma prisão

Ir ou ficar? Eis a questão

A amizade é uma relação que, como qualquer outra, existe para fazer bem, a nós e ao outro. É sobre ter alguém para puxar a orelha quando preciso e apontar um caminho, é receber apoio e incentivo nos momentos de insegurança, etc. Ela pode significar inúmeras coisas, desde que deixe as duas pessoas contentes com o que têm.

Afinidades são as cordas invisíveis que sustentam uma amizade, isso explica porque muitos de nossos amigos se perdem no meio caminho: nós crescemos (e eles também), mudamos de gosto e nem sempre acompanhamos o gosto do outro. E as tais cordas invisíveis vão se partindo uma a uma até que chega um ponto em que você olha para o seu amigo e só enxerga um estranho, ele provavelmente sente o mesmo. Talvez seja a hora de criar novos laços, novos interesses em comum e quem sabe resgatar o que antes havia.

O grande porém é quando, ao invés de se renovar, a amizade se torna tóxica, baseada em críticas ou demanda de nós uma atenção que não alivia, mas sufoca. Como consequência disso, os encontros que deveriam trazer alegria e força se tornam compromissos que você vai por obrigação, apenas para evitar desentendimentos ou mesmo magoar seu amigo. As conversas que antes funcionavam como carregadores de bateria, hoje te deixam com a sensação de ter toda a energia do seu corpo drenada.

Insistir em algo assim não é saudável, mas pode acontecer por diversas razões. Uma delas é em nome do carinho que as pessoas sentem umas pelas outras, respeito pelos momentos já vividos. Mas isso não é lutar pela amizade, é simplesmente arrastá-la por medo de seguir em frente. E o resultado disso é que você se entrega pela metade. Precisa fazer malabarismo no cérebro para selecionar os assuntos que pode ou não comentar com esse amigo. É como viver numa realidade alternativa: você cria uma pessoa que não é você, são apenas seus retalhos costurados de uma forma muito diferente da realidade. Você se doa pouco e recebe pouco.

E então é a hora de decidir: ser teimoso e continuar batendo com a cabeça na parede até que vocês dois estejam magoados e desfigurados ou seguir em frente, cada um pelo seu caminho, respeitando as decisões do outro, respeitando quem o outro se tornou. Lembrando com carinho de tudo o que ele significou. É o momento de buscar novas experiências, novas pessoas, novos rumos.  Vale a pena lutar por toda amizade. Só não vale insistir em algo unilateral ou inexistente.




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