Confiar em Deus é algo muito fácil e natural quando as coisas estão fluindo na nossa vida. É fácil acreditar que tem alguém do nosso lado articulando o bem para nós. Mas é somente quando a noite chega que nossa confiança é posta à prova. Quando os momentos difíceis na nossa vida começam a aparecer, é quase automático se sentir sozinho e abandonado, perdido e até mesmo desesperado. E as turbulências, que geralmente começaram do lado de fora, invadem a nossa alma e vem tirar a paz e atrapalhar aquela confiança que antes era tão natural e inabalável.
Deus não quer que soframos, mas, como humanos que somos, a dor e a angústia são inevitáveis. Ele não produz o mal na nossa vida apenas permite que ele ocorra e quanto a isso fomos alertados pelo próprio Jesus, que também nos deixou uma esperança: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (Jo. 16:33). O Senhor nunca nos prometeu uma vida somente de bênçãos, mas nos garantiu que haveria vitória sobre as aflições.
Então por que é tão difícil confiar em Deus nos momentos dolorosos? Há quem diga que é falta de fé ou de maturidade espiritual. Não consigo acreditar nisso, pois essas teses são contrárias à fala de Jesus que afirmou que seríamos, sim, afligidos. Minha teoria é que nossa ansiedade nos cega. Somos tão escravos do amanhã, de querer saber tudo, de controlar tudo, que quando as coisas começam a fugir do nosso planejamento, significa que Deus virou as costas para nós e que não há sentido em confiar Nele.
A ansiedade, que é uma doença tanto mental quanto espiritual, está nos roubando o prazer de viver da provisão de Deus, de conhecer os seus planos, de entender os seus mistérios. Ela está nos impedindo de ver flores no deserto, está nos proibindo de enxergar que Deus pode nos usar em meio a dor para abençoar e edificar outros ao nosso redor. A ansiedade pelo fim da prova está atrasando a nossa caminhada. Estamos tão focados na linha de chegada que esquecemos de observar se é para virar à direita ou à esquerda ou se tem alguém morrendo do nosso lado. A ansiedade tem nos tornado egoístas, nos subjugando às nossas vontades, quando na verdade deveríamos estar tentando cumprir o propósito que Ele tem para nós e que às vezes pode ser tão simples quanto matar o orgulho ou ajudar o irmão necessitado.
Confiar em Deus nos momentos difíceis não é uma questão de ver Ele agindo de forma mirabolante e ter sua fé renovada, isso é bom, faz bem para alma, mas a confiança no Senhor é uma questão de escolher, todos os dias, acreditar que Ele tem os seus propósitos, mesmo quando sua cabeça e as circunstâncias dizem o contrário. Confiar em Deus em meio à dor é dizer não a medo ou ao desespero e isso é um exercício, uma hora você acerta, na outra erra feio, mas está novamente disposto a tentar de novo. Confiar em Deus é pura e simplesmente escolhê-lo todos os dias. Escolher confiar que mesmo neste deserto e nos terrenos acidentados, Ele tem um plano para te levar a mananciais e campos verdejantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário