Aprenda a diferenciar as doenças virais que se tornaram epidemia no Brasil
Não é de agora que o Brasil tem sofrido com a ameaça iminente que vem em forma de mosquito: o Aedes aegypti. O minúsculo inseto, que no passado foi um dos responsáveis pela epidemia da febre amarela, agora aterroriza a população com a disseminação de outros três vírus: a dengue, o zika vírus e a chikungunya. Apesar de serem transmitidas pelo mesmo vetor, não se engane, são doenças diferentes.
A docente especialista, Jacira Noemia Cassanho, professora do Instituto Cimas de Ensino e Enfermeira do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, do Hospital Geral de Guarulhos, explicou as características e riscos de cada uma, além de formas de prevenção dos vírus que têm infectado milhares de brasileiros.
Sintomas
Dengue: Mais de 90% das pessoas infectadas NÃO desenvolvem sintomas. Ou seja, de cada 10 infectados 1 desenvolve sinais e sintomas. Com o predomínio de febre alta (dura de 2 a 7 dias), dor de cabeça, dores musculares e ao redor dos olhos.
Zika virús: Na maioria dos casos a infecção por Zika é assintomática (não exibe sintomas). Apenas em 18% dos casos há manifestações clínicas, como: exantema (manchas vermelhas na pele), febre, artralgia (dor nas articulações), mialgia, cefaleia e hiperemia conjuntival (olhos vermelhos). Com o predomínio de prurido (coceira pelo corpo).
Chikungunya: Estima-se que 72% a 97% dos infectados desenvolveram sintomas. Febre com início súbito maior que 38 ºC (pode durar até uma semana). A poliartralgia, dores múltiplas nas articulações, é a principal característica da infecção, ocorre com frequência nas mãos e nos pés e pode persistir por meses ou anos. O edema é comum, cefaleia (dor de cabeça), dor difusa nas costas, mialgia (dor muscular), náusea, vômito, poliartrite, exantema e conjuntivite. Fenômenos hemorrágicos podem acontecer, mas não são frequentes.
Diagnósticos
Os principais sintomas específicos de cada doença é o que difere uma da outra. Ressaltando que o diagnóstico é feito através da técnica de PCR-RT e sorologias. Seguindo a orientação do Ministério da Saúde, primeiramente faz-se a sorologia para Dengue, se negativo, deverá ser feito para Chikungunya e consequentemente para Zika.
Evolução, riscos e gravidade
Na Dengue, após a picada do mosquito infectado, os sintomas da doença aparecem de 3 a 14 dias. A evolução para forma grave da doença pode acontecer rápido e o óbito pode advir. Ela pode apresentar algumas complicações como desidratação grave, derrame pleural e encefalopatia.
Na Zika, após a picada do mosquito infectado os sintomas da doença aparecem de 3 a 12 dias. A evolução para forma grave da doença é rara e o número de óbitos é baixo. Ela pode causar algumas complicações neurológicas, como síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular) e microcefalia.
Na Chikungunya, após a picada do mosquito infectado os sintomas da doença aparecem de 3 a 7 dias. A evolução para forma grave da doença se dá quando adquirida por bebês, pacientes com mais de 65 anos ou por pessoas já previamente com múltiplas doenças, principalmente de origem cardíaca, pulmonar ou neurológica, sendo mais agressiva e podendo levar o paciente a óbito. Como não possui uma fase hemorrágica, a Chikungunya costuma ser uma virose mais benigna. A complicação maior não é o risco de morte, mas sim o risco de incapacitação pelas intensas e prolongadas dores articulares. Na população mais debilitada podemos citar: Síndrome de Guillain-Barré, hepatite aguda, insuficiência renal aguda, surdez, lesão ocular, miocardite, pericardite e insuficiência respiratória.
Em qualquer um dos casos o indivíduo deve procurar atendimento médico após o aparecimento dos sinais e sintomas da doença e, se diagnosticado, ser conduzido para o tratamento específico de acordo com a infecção. Evite a automedicação, já que alguns remédios são contraindicados nesses casos.
Prevenção
Muito se fala sobre o uso de repelente, que inibe a picada dos insetos, mas a proteção não é total. Como o mosquito Aedes aegypt tem hábitos diurnos (e dependo da intensidade a luz artificial, noturnos), não se deve descuidar do uso de repelente e nem se esquecer de realizar novas aplicações, pois o suor e o contato com a água podem remover o produto.
No entanto, a única forma realmente eficiente de evitar as doenças é combatendo o mosquito. Sendo assim, alguns cuidados importantes devem ser tomados, como manter caixa d'água bem tampada, colocar lixo em sacos plásticos e manter a lixeira sempre fechada, não jogar lixo em terrenos baldios, se guardar garrafas de vidro ou plástico, manter sempre a boca para baixo, não deixar a água da chuva acumulada sobre a laje, encher os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda, se guardar pneus velhos em casa, retire toda a água e mantenha-os em locais cobertos, protegidos da chuva, limpar as calhas com frequência, evitando que galhos e folhas possam impedir a passagem da água, lavar com frequência, com água e sabão, os recipientes utilizados para guardar água e lavar vasos de plantas aquáticas com água e sabão toda semana (é importante trocar a água desses vasos com frequência).
Lembre-se, a batalha contra o Aedes aegypti é um trabalho de todos. Caso a prevenção esteja longe de seu alcance, contate o agente de vigilância ambiental de sua região.

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