Perdoar não é sentir, é decidir


É incrível como nós, seres humanos, temos uma mente tão falha para algumas coisas, como por exemplo as promessas que Deus nos fez, e uma mente tão afiada quando se trata de lembrar de alguém, ou alguma situação, que nos magoou, nos feriu, nos humilhou. Alegamos ter perdoado, mas ao trazer a memória o acontecido, revivemos toda aquela situação, sofremos novamente. Isso não é perdoar. Perdoar é lembrar sem sentir dor. É lembrar-se do que aconteceu para testemunho, para relatar, trazer a memória algo que você superou.
Na Bíblia está escrito, em Miquéias 7:19, que Deus lança os nossos pecados no mais profundo mar, diz ainda em Isaías 43:25 "Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados.”, só que nada disso quer dizer que Deus tem amnésia. Deus é onisciente, se nós nos lembramos do nosso passado, imagina Ele?! O que podemos interpretar aqui é que mesmo sabendo do nosso passado, dos nossos pecados, e uma vez que pedimos perdão, Ele decide nos perdoar e não nos tratar de acordo com as nossas transgressões.
Temos um Pai tão lindo que simplesmente perdoa e nunca mais se permite lembrar dos nossos pecados, ou seja, se ontem pecamos, e logo nos arrependemos verdadeiramente e, sendo assim, pedimos perdão, Deus não só perdoa como também esquece (no sentido de deixar para lá, porque como Ele é perfeito, obviamente não tem problema de memória, mas prefere ignorar que um dia pisamos na bola). Quando insistimos em pedir perdão pelo mesmo pecado, Deus simplesmente diz: "Não sei do que você está falando, princesa, ou príncipe, do papai" (e neste caso o que falta é NOS perdoamos pelo que fizemos, mas isso é assunto para outro post).
Portanto, quando na Bíblia está escrito que devemos perdoar e esquecer, isso não significa que, de forma mágica, ao perdoarmos, aquele episódio será apagado da nossa memória. Pelo contrário, isso é impossível, nós ainda nos lembraremos daquilo, apenas não sofreremos mais ao lembrar, pois decidimos perdoar e deixar no passado. Não sentiremos mágoa, não reviveremos nada daquela situação. Pois ela está no passado. Ela foi perdoada e não deve mais interferir na forma que viveremos daqui em diante.
O perdão deve ser uma prática ilimitada em nossas vidas, Jesus nos ensina isso em Mateus 18:21 “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” Não devemos levar o resultado desta conta ao pé da letra, mas sim entender que Jesus quis nos mostrar que não há um limite para perdoar o nosso irmão. Assim como não há um limite para que Ele nos perdoe, tanto que a Bíblia condiciona o perdão dEle ao nosso perdão “Perdoai os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Portanto, se perdoamos seremos perdoados, se não perdoamos...
Muitas pessoas encontram grande dificuldade na hora de perdoar, justamente por acreditarem que o perdão se trata de um sentimento, quando na realidade ele se trata de uma decisão. Só que, na Bíblia, além de estar escrito que perdoar é mandamento, está escrito que temos domínio sobre nós mesmos, e isso inclui os nossos sentimentos, nossas vontades, nossas ações, sendo assim, nós decidimos amar, odiar, perdoar, não perdoar. Nós decidimos.
Uma vez vi uma frase, de William Shakespeare, que dizia “Guardar ressentimento é um veneno que tomamos esperando que o outro morra”, ou seja, nós é quem estamos guardando aquela mágoa, a outra pessoa (aquela a quem ainda não perdoamos) está vivendo normalmente, nós é quem estamos nos matando por dentro ao não perdoar. A pessoa, vitima da falta de perdão, muitas vezes nem sabe que você guarda mágoa/ressentimento. Guardar esse tipo de coisa dentro de si apenas faz mal a você mesmo. Quando decidimos manter um ‘ressentimento de estimação’ (do tipo ‘isso aqui eu não perdoo nem a pau’ ou ‘isso eu só perdoo daqui uns anos, talvez’), estamos simplesmente permitindo que aquilo crie raízes e nos apodreça por dentro, nos encha de amargura.
Ele nos chamou para sermos a Sua imagem e semelhança, logo, se Ele (que é alvo constante da nossa infidelidade) trata rapidamente de desmemoriar nossas burrices, devemos igualmente fazê-lo. Por que fazer amanhã o que devemos fazer agora? Perdoar é divino, Deus perdoa, Deus ama. Perdoar é, antes de qualquer coisa, uma prova legitima de que o amor de Deus flui dentro e através de você. O perdão mostra que você preza pela sua aliança com aquela pessoa, ainda que ela tenha errado com você, você decide (mais uma vez, você decide) que sua aliança, o seu relacionamento com ela é mais valioso do que este tropeço.
Para resumir, perdoar não é para quem quer, é para quem ama. E amor, queridos, é mandamento.

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