Um dos conselhos mais
difíceis de ser seguido
O apóstolo Paulo, como sempre, foi direto e orientou o
povo de Filipos a não se preocupar por motivo algum. Algo fácil para quem
experimentava da “paz que excede todo entendimento”. A verdade é que, nos dias
atuais, se preocupar é quase um requisito obrigatório para viver. A lista de
preocupações é extensa, tanta coisa para fazer em tão pouco tempo que a
ansiedade acaba tomando o lugar da paz e calmaria.
Mas não se desespere: ansiedade, até certo nível, é uma
experiência muito humana e até essencial para nossa existência. Segundo a Dra.
Maria Cristina De Stefano, a ansiedade é “decorrente dos processos de adaptação
corporal, mental e emocional para situações que nos pareçam ameaçadoras ou
perigosas. Por isso, certo grau de ansiedade é saudável, normal e esperada”,
sendo assim, um pouco de preocupação não faz mal a ninguém. O problema é quando
esse sentimento começa a ser excessivo, ultrapassando os limites do “normal” e
o ansioso acaba se tornando um paciente que precisa tratar seus transtornos. Os
sintomas de algo mais sério podem ter origem física, mental e comportamental e
são perceptíveis quando alguém anda se preocupando além da conta. Nesses casos,
o ideal é procurar um médico especialista que pode ajudar o paciente a lidar
melhor com suas preocupações e receitar um tratamento ou medicamento, quando
for o caso.
Para a psiquiatra Julieta Guevara, a ansiedade tem se
agravado nos últimos anos. Segundo ela, muitas coisas disputam nossa atenção
durante o dia e os meios eletrônicos pesam bastante nessa correria para fazer
tudo-ao-mesmo-tempo-agora. E como nem sempre dá para fazer tudo – por causa do
tempo ou por razões que fogem do nosso controle – encontramos muitos impasses,
levando à preocupação em excesso. “A falta de solução frente a problemas ou
dilemas traz a ansiedade como recurso resolutivo. O ser humano organiza por
prioridades estas soluções, quando não consegue a ansiedade aumenta” explica
a Dra. Guevara.
Como patologia, a ansiedade se subdivide em alguns
transtornos: do pânico; de ansiedade generalizada; o obsessivo-compulsivo; de
estresse pós-traumático e também em fobia social, cujas características
vemos na próxima página. Mas para uma pessoa que vivenciou qualquer uma dessas
aflições sabe que, embora o diagnóstico profissional e o tratamento sejam
indispensáveis, também é importante encontrar algo que ajude a superar os
momentos de crise. Para Millene Andrade, diagnosticada com síndrome do pânico,
desenhar e ouvir música são coisas que tiram sua mente da angústia. Ela começou
a sofrer as manifestações quando estava no trabalho: “comecei a ficar sem ar e
chorar e ficar enjoada, mas só tive confirmação quando fui depois a uma
terapeuta”, lembra a estudante.
“Os familiares e amigos devem levar em conta que as
pessoas com os transtornos de ansiedade estão com a saúde mental doente e que
por isso se sentem muito inseguras, perturbadas e com medo do que os outros vão
pensar dos seus atos, por isso é importante o acolhimento e aceitação”, explica
a Dra. Maria Cristina. Não se deve ironizar nem minimizar a reação da pessoa
ansiosa, dizer que é exagero está fora de questão, pedir calma pode gerar o
efeito contrário. “Negligência ou deboche são maneiras de prolongar a doença e
protelar o tratamento”, alerta a Dra. Julieta Guevara.
O amor também é um dos melhores tratamentos para questões
como estas: o amor ao próximo para não julgar nem ridicularizar (o mesmo amor
que Paulo tanto pregou); o amor próprio para que mesmo em momentos de crise
seja possível encontrar um ponto de apoio para não desistir e se entregar à
ansiedade e por último, mas não menos importante o amor a Deus e a certeza de
que mesmo em tempos de profunda angústia, medo e ansiedade Ele está sempre
pronto a nos dar alento.
Tipos de transtornos de ansiedade
Transtorno do pânico - o indivíduo tem a sensação de que está
para morrer, como se estivesse tendo um ataque do coração ou então, perdendo o
controle e enlouquecendo; os pensamentos ficam confusos e a resposta do corpo é
exagerada, causando batedeira no peito, falta de ar, náuseas, tremores, suor
frio e diversas outras reações físicas;
Transtorno de ansiedade generalizada - ou TAG, o estresse ou as preocupações excessivas
do dia a dia levam a pensamentos e sentimentos que causam os sintomas ansiosos,
a ponto da pessoa se afastar de locais fechados, definir rotas de fuga, evitar
aglomerações, entrar em bancos, centro de compras etc
Fobia social - é a mais comum e acontece sempre em
situações públicas, tendo por base a avaliação dos outros, como se estivesse
para ser avaliada e observada de forma negativa. A pessoa evita comer em
público ou assinar cheques perante pessoas.
Transtorno obsessivo-compulsivo TOC – a pessoa sente extrema necessidade de
repetir um ou diversos hábitos que sabe ser inadequados ou inúteis, mas é
compelida por seus pensamentos a realizar insistentemente determinados rituais,
como verificar portas trancadas, válvula do gás, lavar constantemente as mãos,
etc.
Transtorno de estresse pós-traumático - o TEPT é causado por um trauma grave, traumas
frequentes e repetitivos, ou por um evento terrível que perturbou de forma
intensa a vida psíquica de um indivíduo. Se tornam constantes pesadelos,
insegurança associada a locais ou situações semelhantes e os chamados
flashbacks, lembranças súbitas com toda a carga emocional vivida, sem controle
voluntário e sem atenuação por tempo prolongado.

Nenhum comentário:
Postar um comentário