O que significa colocar Deus em primeiro lugar?

É um clichê que ouvimos o tempo todo. Mas e se nós começássemos a realmente fazer isso?
Texto: Marcella Purnama / Tradução: Nara Lima

Imagine um típico dia de um jovem cristão. Você acorda com aquele alarme irritante, verifica as notificações e aperta soneca. Depois, profere uma oração de um minuto que cobre todo o dia: agradece por algo, deseja que Deus faça isto, pede por aquilo e amém. Então, corre para o chuveiro. Por volta das 9:00, você já está no trabalho ou na aula, implorando que o fim de semana chegue logo. Durante o almoço, você conversa com as pessoas enquanto desvia o olho para checar o Facebook. A partir daí, seu longo dia se resume num cumprimento de prazos, tarefas e recados até que o dia acabe e você se encontre novamente com seu travesseiro. Soa familiar?
A vida não é fácil para a geração atual. Há muitas tarefas e pouco tempo. É preciso estudar, trabalhar, cuidar das tarefas de casa, socializar e relaxar ao mesmo tempo. A pergunta é: onde devemos colocar Deus nessa equação?
Como cristãos, sabemos que Deus deve ser a prioridade máxima em nossas vidas. Ele vem em primeiro lugar e todo o resto é secundário. E mesmo pensando em Cristo como uma "prioridade", na realidade não colocamos Ele em seu lugar: Rei sobre todas as coisas. Por exemplo, com que frequência pensamos Nele ao acordar? E quantas vezes pegamos nossos celulares antes mesmo de falarmos com Ele?
O mundo virtual é sedutor e afirma oferecer tudo: lazer, entretenimento, educação, socialização e até mesmo o crescimento espiritual. Em algum ponto, porém, estamos sobrecarregados de informação. Todo mundo está pedindo, brigando ou implorando para obter apenas 10 segundos de nossa atenção, prometendo um valioso produto, serviço ou informação em troca. E enquanto esses perfis brigam para ter a atenção de nossos cérebros sobrecarregados, Deus está fazendo o mesmo, não da mesma maneira, claro. Deus não nos faz lembrar Dele com um anúncio ou notificação conveniente, Ele está sempre lá, mas nós é que temos que decidir vir a Ele.
Embora a tecnologia tenha levado a humanidade para outro nível, ela também alterou os nossos valores. E-mails e posts fazem nossas orações serem mais distraídas, apressadas. Fatos e dados intermináveis ​​nos tornam mais céticos em relação à verdade. E por que ir a Deus primeiro, num momento de dificuldade, se você pode simplesmente pegar o telefone e falar com alguém em questão de segundos?
Em um mundo que se está em constante movimento, o que prende a atenção é aquilo que é mais rápido, melhor e mais brilhante. Estamos acostumados com respostas e resultados instantâneos. Somos mestres multitarefas, tentando fazer tudo ao mesmo tempo e para ontem.
Por que é que somente quando algo está errado ou quando não há mais nada a fazer que nos voltamos para Deus? E mesmo assim, esperamos por suas respostas, contanto que sejam rápidas. Inconscientemente, nós damos a Ele um prazo, pois é difícil colocarmos o nosso pensamento “quanto mais rápido melhor” em espera enquanto aguardamos a orientação de Deus. A melhor hora para fazer qualquer coisa é agora, então por que esperar? Certo?
Muito frequentemente, esperamos que Deus se molde às nossas vidas e horários. Não é mais nós que precisamos se adaptar à Sua vontade, mas Ele que deve se adaptar ao que queremos ou pensamos. A verdade é que o mundo virtual existiria muito bem sem você. Mas você não iria muito bem sem Deus. Haverá sempre mais um trecho de informação online para absorver, mas haverá sérias consequências se você não ler isso? Se formos honestos, é fácil de perder um tempo de devocional quando ficamos checando as notificações o tempo todo.
O mundo digital tem notícias e oportunidades suficientes para deixar qualquer um viciado. E isso pode ser uma coisa maravilhosa dentro dos limites. Mas, mesmo quando não é algo bom, não podemos culpar a tecnologia por nossa negligência espiritual. Se consultar a Deus primeiro não está na nossa agenda diária, mesmo sem Facebook e YouTube, vamos simplesmente achar outras coisas para cuidar.
Talvez seja hora de reajustar a nossa fé. Toda vez que priorizamos outras coisas, mostramos a Deus que perdemos o temor e que só recorremos a Ele quando é conveniente. Então, como recuperar esse temor que foi perdido? Buscando a Deus, dando a Ele, intencionalmente, a prioridade máxima – do momento em que o alarme toca até quando vamos dormir novamente. Devemos orar e pedir Sua orientação, não só quando as coisas dão errado, mas em todas as ocasiões. Ele pode ser encontrado em Sua Palavra e assim saberemos como Ele deseja que vivamos.
Deus não é um plano B, é Ele quem planeja a nossa vida. E conforme mudamos lentamente nossos hábitos diários, na tentativa de reconhecer essa verdade, vamos, lentamente, reformulando nossas prioridades e renovando a nossa fé.  

*Este texto foi traduzido e adaptado a partir do artigo escrito por Marcella Purnama para o site da Relevant Magazine. O texto original, “What does it mean to put God first”, você encontra no site da revista. Marcella Purnama é mestre em Mídia e Comunicação, pela Universidade de Melbourne, blogger e escritora.

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