Há quem confunda misericórdia e graça e embora sejam conceitos muito parecidos e complementares, é preciso separar as duas coisas. Enquanto a graça concede aquilo que não é merecido, a misericórdia é não dar aquilo que se merece. Por exemplo, um súdito comete um crime contra o rei, sendo esse rei bondoso, ele escolhe por não castigar o súdito com a pena máxima, se compadecendo. Misericórdia tem a ver com compaixão, piedade.
Foi o que Deus fez com os creram em Cristo como o Messias: por causa do nosso pecado, merecíamos a morte, mas através do sacrifício substituto de Cristo na cruz recebemos perdão e temos direito à vida eterna. Por isso, seria muito contraditório alguém dizer que ‘merece misericórdia’. Não temos direito, não merecemos. Ele é misericordioso porque é bom, fiel, justo, verdadeiro e santo e principalmente nos ama. Suas misericórdias são a causa de ainda estarmos de pé. Elas não têm fim e se renovam a cada manhã (Lm. 3:22).
O perdão é o primeiro resultado da misericórdia divina (Is. 55.7), já que Ele se esquece dos nossos pecados e tropeços (Hb. 10: 17). A segunda consequência é a restauração das nossas almas e espíritos, uma nova vida livre das amarras do pecado (Sl. 51:2). Esses dois elementos trazem consigo um coração grato por ter alcançado a misericórdia (Sl. 89.1). Ou seja, não é apenas não receber o que merecemos, mas também passamos a usufruir da bondade de Deus em nossas vidas, tendo consciência de que Ele é digno de ser louvado por isso.
Sabendo e recebendo essas coisas, nos resta apreciar esse atributo de Deus. Após a queda, estávamos separados dele, destituídos de sua glória, longe da sua presença, mas Deus em sua infinita misericórdia entregou seu filho Jesus para nos reconciliar consigo mesmo. Com o sacrifício de Cristo, Deus estava nos dizendo que ansiava por um relacionamento íntimo e profundo conosco (Ef. 2:4-6) e essas misericórdias nos acompanharão todos os dias, até o dia em que encontraremos com Ele e poderemos agradecer face a face.
Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e de geração em geração, a sua fidelidade (Sl. 100:5).
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